Como alguns leram, EU é que acertei a marca de kayaks (Jackson Kayaks) que a Outsiders começou a vender há uns tempos! Claro que isso, além de me puxar o ego para cima , também me deu direito a andar a passear por aí com um kayak novinho durante uns tempos. Cá vai como tudo correu.
Em primeiro lugar, eu sou um bocado nabo. Sei andar de kayak, apanhar ondas, fazer cutbacks, 360, surfar e tal, mas não percebo quase nada de manobras verticais como cartwhells, loops e outras coisas modernas. Principalmente porque não tenho pachorra para passar horas num rolo a treinar, porque se quisesse aprendia e era o maior, claro! Apesar do de ser um kayak de rio, o Fun porta-se muito bem no mar. É levezinho, o casco é rígido e com boas formas para surfar. Claro que sendo curtinho, não é muito rápido, mas é sempre uma surpresa ver como os designers conseguem fazer barcos tão curtos e mesmo assim, rápidos na onda. No mar partido daquele dia, com ondas a vir de várias direcções, a coisa mais gira para fazer era apanhar uma onda, fazer um cutback noutra que aparecia de lado, continuar, 360, etc. Pela leveza e maneabilidade, o Fun porta-se muito bem. Lot’s of Fun! Inicia bem as manobras verticais e aguenta-se bem a girar e não sei dizer muito mais sobre esta faceta do barco.
Surfei mais umas três vezes com ele, em mares diferentes e confirmou-se mais ou menos esta primeira experiência. Um barco muito divertido, pronto para as curvas e com um design muito moderno e bem conseguido!
Tem dois pontos onde se pode prender um mosquetão, atrás e à frente do cockpit, que não servem para agarrar com a mão, quem quiser pode prender aí um cabo. Achei difícil prender o mosquetão caça-pagaias lá, e ainda mais difícil tirá-lo, pois são pequeninos e muito enterrados no plástico. Estes problemas põem-se principalmente ao levar o kayak para rios mais complicados, onde o Fun, em teoria, não deveria ir!
O chamado outfitting (banco, encosto, finca-pés, apoio dos joelhos, etc) é o melhor que já experimentei. Melhor porque é simples, leve e muito, muito confortável. O banco é apenas uma espécie de espuma presa ao fundo do barco com velcro, com muito bom aspecto). Muito simples, leve e confortável. Nada de bancos de plástico, pesados e que custam a mexer. O encosto é muito bom, com apertos como os das botas de snowboard e abre-se e aperta-se quando se está já dentro do kayak. O encosto dos joelhos é o próprio casco do barco, revestido a espuma nessa zona. Nisto imitaram a Riot e funciona muito bem, porque é simples e a força dos joelhos é transmitida directamente ao barco. Mas o melhor de tudo é o finca-pés, que consiste numa espécie de flutuador com ar e umas bolinhas lá dentro e com dois tubos que vêm até ao cockpit. A ideia é encher de ar, entrar e ajustar os pés dentro do finca-pés, e à medida que se faz isso o ar vai saindo. Ficamos com os pés dentro de uma espécie de puff. Mas depois enchemos com uma bomba de mão que está na ponta de um dos tubos e aquilo torna-se rígido e com a forma dos nossos pés! Ultra confortável e suficientemente rígido, mesmo para manobras que exigem muita força com um dos pés (como um gliqué). Em resumo, o kayak mais confortável em que já entrei, de longe!
No Vouga havia bastante pedra à mostra, e quem conhece o percurso sabe que é feito de rápidos técnicos com alguma pendente e alguns açudes nojentos (há quem hoste mas eu acho-os nojentos!). Com muita água tenho a certeza que me arrependeria de ter levado o Fun, mas com um nível médio/baixo é capaz de boas recepções, entrar nas contras bem (o casco plano com linhas agressivas ajuda muito). Vê-se que não é um playboat puro e duro, e a facilidade com que pomos o barco na posição que queremos, afundando a popa, por exemplo, ajuda muito a descer nestas condições. Claro que com muita água talvez não tivesse tanta piada! O Miguel Gaspar levou o Fun e gostou muito (está a pensar ficar com um!). Quando saiu da água mostrava o casco em excelente estado, o que mostra que o plástico é bom.
- Kayak divertido, polivalente, eu cá levava-o para rios até classe III+ ou IV, dependendo do tipo de percurso, companhia, etc. Um óptimo compromisso para quem tem um só kayak para tudo
- Muito bom no mar, dentro das limitações dos barcos de rio.
- Permite com certeza (mesmo não sendo eu expert na matéria) crescer muito em termos de rodeo.
Adorei o conforto (espectacular) e a simplicidade da construção. O kayak mais leve em que já peguei e isso nota-se na água.
Não gostei de não ter pegas e de os pontos de amarração para o mosquetão serem muito recuados.
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