Thursday 18 November 2004

Comprar kayak

Na altura do Riverbook, era frequente recebermos mails de pessoas a perguntar sobre que kayak comprar. Tantas, que a certa altura tínhamos um texto escrito. Era só fazer copy-paste e adaptar um bocadinho. Era de graça e tudo. Como um dia destes recebi um mail sobre o mesmo tema (algo faz as pessoas confiar em mim para opiniões, preferia que me mandassem cheques em branco, mas é a vida). Aqui vai o que respondi, e é mais ou menos geral. Não se esqueçam do que diz a Dr. Ruthe sobre as opiniões. Quem quiser ajudar a compor o texto, escreva um mail ou ponha um comentário na caxinha em baixo.



Isto de comprar kayaks tem que se lhe diga e é difícil obter opiniões de quem saiba um mínimo do assunto e seja isento e desinteressado. Também não é o meu caso, claro. Percebo um pouco menos que o mínimo, ainda para mais agora que não troco de kayak há alguns anos e não passo horas a navegar pelos sites e críticas. Também não sou isento (quem é?). Sou razoavelmente desinteressado. Tenho amigos que vendem kayaks e simpatizo com algumas marcas e lojas e gosto menos de outras.

Há pessoas que têm lojas ou vendem material e mesmo querendo vender o que têm ajudam a comprar bem. Ou seja, vêm no "cliente" mais que uma margem de lucro. Vêm alguém que partilha da mesma paixão e com quem hão-de remar. Isto aconteceu-me com os irmãos Dureza. Há uns anos, telefonei-lhes a perguntar se vendiam mesmo kayaks da Riot e passado mais-dúzia de dias estava na pickup deles a caminho do Paiva para experimentar o riot Trickster (que comprei e me deu grandes momentos de prazer... ahhhhhhhhh...). Depois disso já desci rio com eles umas quantas vezes. E há mais pessoas que, antes de serem vendedores são pessoas honestas e canoístas interessados.

Como os distinguir? Vários sinais:

  • normalmente, não vendem um kayak sem "obrigar" o cliente a experimentar antes.
  • no meio da conversa deixam de falar da venda e começam a falar de ondas, rios, etc.
  • investe um mínimo na modalidade (como fez o Luc da Outsiders ao emprestar-me um kayak durante um mês!)
  • não tentam enfiar petas sobre os artigos que vendem (este é o único kayak que saltou as cataratas do Niagara e não dobrou...)
  • organiza descidas, ensina os amigos a andar, etc. (como fez o pessoal da Pagayak)
Isto de ter um negócio na canoagem é complicado e nada linear. Porque por um lado, as pessoas têm de levar o negócio a sério pois alguns dependem dele (parcialmente, pelo menos). Mas se têm uma atitude só de negociante, perdem os clientes. A solução, penso eu, é olhar mais à frente e juntar paixão e racionalidade, sabendo que os frutos virão com o tempo.



Os meus parabéns e agradecimentos a todos os que ao longo os anos têm investido neste (pequeno) mercado.



Qual é a melhor maneira de "navegar" no meio disto? Experimentar, experimentar, perguntar e não ter muita pressa. Quando não somos grandes cromos, não percebemos as coisas boas e más à primeira e há sempre muito para aprender.



Há ainda que notar que os barcos têm evoluído muito. Há por aí barcos espectaculares, como o Riot Turbo ou o Air, o Jackson Fun. A diferença entre estes e os antigos (com mais de 3 anos, por exemplo) é brutal. Porque é muito mais divertido, fácil e confortável andar nos novos! Mas são caros...

A decisão tem mais a ver com o dinheiro que se quer gastar, se te importas de daqui a uns tempos estar a trocar de barco (pode não ser mto fácil de vender, mas por outro lado já foi barato).

No fundo, é como comprar um carro velho. Vai servir para as voltas, mas sabemos que nunca vai ser muito confortável nem dar para grandes picanços. Mas também acontece apaixonarmo-nos por ele e não querermos outro!

Há ainda que ter atenção aos acessórios. Um saiote que só serve para um barco é uma chatice e custa sempre uns 15-20 contos! Já agora, é melhor ver se o barco está à medida. Se não estiver vai ser preciso comprar espuma para o finca pés e para as ancas e passar umas horas à volta disso.

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